Ultimamente, chuvas têm representado caos nos grandes (e até pequenos) centro urbanos no Brasil. Há alguns anos, um temporal devastou cidades em santa Catarina. Na virada de ano para 2010, Angra dos Reis foi brutalmente atingida por tempestades com várias vítimas. São Paulo nem se fala, cada chuva é um tormento com vítimas, estragos e desabrigados
Esta semana não foi diferente. A região serrana do Rio de Janeiro foi devastada por fortes chuvas, vitimando mais de 300 pessoas. O último número oficial divulgado pelas autoridades batia em 385, inclusive com o ex-prefeito de Nova Friburgo e seus filhos entre os mortos.
Hoje, Porto Alegre teve uma tempestade de quase 60 minutos, onde foram registrados 71 milímetros de chuva, 64% do esperado para o mês. A avenida Nilo Peçanha, como vocês podem observar nas fotos, foi duramente atingida. Há mais de dez anos, houve uma morte por afogamento por aqui.
Carros desistem de seguir na Av Nilo Peçanha
Carro preso no valão de esgoto da Nilo Peçanha
Diante deste cenário, pode pairar a pergunta: porque acontece esse caos quando chove? Bem, este jornalista aqui vai tentar elencar alguns fatores para fazer o amigo aceitar melhor as conseqüências e pensar no que pode fazer para contribuir para amenizar a situação.
Primeiro de tudo, na maioria destes casos, o volume de chuva é absurdamente superior ao normal. Mesmo com um sistema de escoamento reforçado, é complicado resistir à quantidade de água. E isso não é problema só do Brasil. Houve registros de enchentes na Alemanha e na Austrália esse ano.
Em segundo lugar, temos que considerar o aquecimento global. Não é exagero, não. A temperatura do planeta sobe um grau Celsius por ano. Isso é MUITO grave, interfere diretamente no clima. Vemos constantemente geleiras derretendo e contribuindo para o aumento do nível dos oceanos.
Mas então é culpa da natureza, Andrei? Não apenas, eu respondo. O aquecimento global tem muita influência do homem. Aliás, contribuímos no depósito de lixo nas ruas. “Ah, mas só um papelzinho pela janela, ou então, uma latinha no chão”. Essas pequenas coisas multiplicas por milhares levam ao entupimento de bueiros e esgotos. Lembro de um colega de rádio que uma vez, ao narrar uma enchente, viu uma surdina de carro sair de um bueiro. Pô, aí fica difícil.
Além disso, em alguns casos, principalmente no Rio de Janeiro, as ocupações irregulares contribuem para as tragédias. No temporal da virada do ano, havia uma vila inteira construída sob um lixão. Qual estabilidade estas moradias podem ter? Mesmo que o governo construa conjuntos habitacionais, alguns moradores não querem abandonar a sua vista e localização privilegiadas para ir morar mais afastado.
Se a população não fizer a sua parte, perde um pouco a razão de contestar o poder público, que também tem boa parcela de culpa. O Brasil é um péssimo exemplo em termos de gestar de crise. Nossa Defesa Civil é mal equipada, o Corpo de Bombeiros, apesar do treinamento e de ser um exemplo de bravura, carece de recursos humanos. Isso sem falar na falta de planejamento para construção de esgotos. Precisamos evoluir muito, e acima de tudo, ter vontade política.
Listei diversos fatores aqui e acho que a população deve começar a dar o exemplo para ter moral e cobrar dos governantes. Possivelmente com o alinhamento entre as duas partes, a mãe natureza pode se “sensibilizar” e dar uma trégua.
Aqueles que quiserem ajudar as vítimas do Rio de Janeiro, podem acessar aqui e ver os canais competentes.
Carros abandonados em Porto Alegre devido à chuva