Archive for the London Callling Category

When the Reds Go Marchin in

Posted in London Callling with tags , , , , , , , , on 30/03/2011 by andreifonseca

Eu sou um cara de muitos clubes de futebol, tenho praticamente um em cada cidade, país ou região. Mas cabe ressaltar o seguinte: eles não tiram em momento nenhum a preferência pelo Internacional. Esse sim é meu clube. Mas, ao contrário da minha vida amorosa, consigo dividir meu coração no futebol em várias partes. E dentre os gomos da laranja, na Inglaterra, existe o destinado ao Liverpool FC.

Claro que com a nossa viagem para a terra dos Beatles agendada, era fundamental visitar o Anfield, e assistir aos Reds. Para isso, era necessário planejamento, dinheiro e, acima de tudo, sorte.

Sim, porque conseguir ingresso para a Premier League é muito complicado (como diria um ex-chefe meu). Para quem não mora no Reino Unido e não é sócio do clube em questão, tem que esperar em uma longa fila até chegar a sua vez de tentar conseguir alguma coisa, se sobrar. E no meu caso, deu certo.

Com a garantia de assistir ao jogo, ficou mais fácil, pudemos aproveitar a cidade e viajar tranqüilos. Visitamos todos pontos turísticos relativos ao Beatles (quase 90% de Liverpool), mas isso é um assunto para outro post. Agora é a vez dos Reds.

 

Anfield ao fundo

O Liverpool FC, que joga de vermelho, é um dos clubes mais tradicionais do mundo. Fundado em 1892, rivaliza com o Everton FC, que joga de azul, o outro time da cidade. Ganhou diversos títulos, dentre eles a Liga dos Campeões da Europa (cinco vezes) e o campeonato inglês (dezoito vezes).

Para mim, o ponto mais marcante é a torcida, principalmente um grupo de fãs (relativo às organizadas) que ocupam o canto do estádio conhecido como “Kop”. O Liverpool tem uma música tradicional que emociona demais: You Will Never Walk Alone. É o hino do clube praticamente. Quando o time entra em campo ou está em vias de ganhar um jogo, a torcida entoa essa canção. Postei um vídeo aqui para o amigo ter um tempero de como é.

Bem, já foi possível sentir o tamanho do amor ao Liverpool logo na chegada à cidade. Tem produtos do clube por tudo, até na loja dos Beatles. No domingo, dia do jogo, fomos tomar café no hotel e o restaurante estava cheio de torcedores do Liverpool que vieram de outras cidades. Fardados, falavam alto e se preparavam para o jogo com o tradicional british breakfast. Depois, fardamos e rumamos para o Anfield.

The Kop

Aliás, o estádio, que já foi do Everton, é um verdadeiro templo. Imponente, bonito, fica em uma parte totalmente residencial da cidade, é um gigante cercado de pequenas casas antigas. Está bem defasado, tem mais de cem anos (tanto que o time vai ganhar um novo). Mas tem toda uma mística em relação ao Anfield. Os jogadores e torcedores consideram inadmissível um insucesso ali. Tem um cartaz no caminho do campo que diz “This is Anfield”, como quem diz “aqui é nossa casa e quem manda somos nós”.

Chegamos rapidamente de taxi, deve ter custado £8, e demorado uns 10 ou 12 minutos. De cara fomos ao bar em frente ao estádio, o local onde os antigos hooligans se reuniam. O pub estava completamente lotado, quase impossível se mexer, quanto mais chegar ao balcão. Ficamos dez minutos, o tempo de conseguir uma cerveja e ir para a parte dos fundos, onde os fãs fumam cigarro a vontade e fazem xixi em latões de lixo (sem que a polícia veja, é claro).

Curiosos, entramos faltando um certo tempo para o jogo. É possível tomar cerveja até a boca do túnel para as arquibancadas. Depois dali, necas. Nosso lugar, como podem ver nas fotos, tinha um poste na frente, já que era a parte mais antiga do estádio. Mesmo assim, estava ok.

O Liverpool, jogando bastante desfalcado, enfrentava o Wigan, um time sem muita fama. Logo quando os times entraram em campo, tocou You’ll Never Walk Alone para delírio da torcida. Admito que foi uma emoção fortíssima, cantei junto e pude perceber a paixão dos locais pelo seu time. Um orgulho centenário, que felizmente presenciei e partilhei do mesmo sentimento.

Com a bola rolando, a coisa não foi muito boa. O Liverpool, ainda de ressaca de ter vencido o Chelsea fora de casa, empatou em 1 a 1 com Wigan, mas tive uma experiência fantástica. Os Reds podem contar com o apoio deste fã de longe, pois o Liverpool will never walk alone.

Ogilvy para todos

Posted in Comunicação, London Callling with tags , , , , on 18/03/2011 by andreifonseca

Bater perna em Londres sem rumo traz surpresas agradáveis. Um dos dias em que a nossa programação de viagem estava destinada às compras, saímos caminhando pela Oxford Street.

Ao entrar em um shopping pequeno, reconheci a logo da Ogilvy (um dos maiores grupos de publicidade do mundo). Era uma sala grande e transparente, com muitas pessoas sentadas em pequenos grupos. Entrei.

Fui logo abordado por um cara simpático. Trocamos uma idéia e ele me explicou do que se tratava. Era o Idea Shop da Ogilvy.

Uma vez por ano durante três dias, um grupo da agência fica à disposição de qualquer pessoa que queira abrir um negócio ou já tenha e necessite de dicas de marketing e publicidade, principalmente voltada para web. Sensacional.

Além de conversar no dia e auxiliar em projetos, a troca de idéias continua por um tempo. E os frutos foram amplamente colhidos pelo movimento, que já está no terceiro ano.

O lugar estava cheio e com pessoas de várias idades, como podem ver na fotos.

No último dia do evento, aconteceu o Idea-a-thon, onde as pessoas, através do Twitter, enviavam briefings para o pessoal da Ogilvy com a #ideashop e ocorriam discussões online sobre os temas. A parada encerrou uma palestra do planner da agência, Hamish Priest. O vídeo pode ser acessado aqui.

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Ainda nesse dia, por alguma razão, paramos em uma loja pequena, dessas de souvenir.

Olha aqui, verifica o preço dali, não demorou para um atendente me abordar. Conversamos bastante e ele queria saber de onde eu era. Ao dizer “Brazil”, o cara quase deu um salto. Ele simplesmente AMA o povo brasileiro.

Era um menino, calculo que na faixa dos 25 anos. Falou um monte sobre o Brasil, principalmente futebol. Torcedor da Juventus, o cara disse que um brasileiro jogava no time dele (Felipe Mello, para os desavisados). Seguimos na conversa e eu disse que torcia para o Internacional, um clube que aceitava pessoas de todos lugares, raças, nações, etc.

Foi aí que ele me disse que torceria pelo Inter, contanto que não tivessem judeus, pois ele era palestino. Eu sorri e disse que não havia problema, poderiam ter os dois. Mas para ele havia. E muito.

Com lágrima nos olhos, ele contou que a guerra entre judeus e palestinos havia vitimado quase toda família dele, e os sobreviventes foram obrigados a deixar o país. O cara não visita os amigos e parentes há mais de 10 anos e vive sozinho em Londres.

Jamais entraria no mérito de certo ou errado, inclusive me orgulho de ter amigos nos dois lados. Mas admito que o relato desse cara mexeu comigo. A tristeza que ele transpareceu mostrou uma pessoa com esperança de paz, acima do ódio.

Troca da Guarda

Posted in London Callling with tags , , , , , on 17/02/2011 by andreifonseca

O guia sobre Londres da Folha de São Paulo que eu usei na viagem foi bastante útil, embora tem falhas graves (não cita sequer a existência da Abbey Road, quando mais direcionar o visitante para lá). Logo no início, a publicação faz uma relação de dez coisas que não podem deixar de serem vistas/visitadas. E uma delas é a troca da Guarda no Palácio de Buckingham.

Realmente é imperdível. Um espetáculo simples, mas extremamente organizado. Impressiona pela disciplina, os movimentos sincronizados e os gritos de comando.

Chegamos cedo, cerca de 80 minutos antes, e já havia certa concentração no local. Pessoas tirando fotos e buscando o melhor local, a polícia já cercava a área, isolava as ruas e orientava os visitantes.

Além de vários turistas, é claro, se via muitos “londoners”, mostrando o respeito pela cerimônia e pela monarquia. Com o passar do tempo, o acúmulo de pessoas aumentou bastante e não demorou para se ver ao horizonte uma cavalgada de guardas reais chegando com apoio da polícia local.

Em seguida, veio a banda do exército, tocando músicas militares bastante animadas. Os oficiais organizaram a tropa e houve então o rendimento do grupo que estava de serviço, sendo trocado por novos soldados.

Os movimentos realizados causam espanto pelo treinamento e coordenação, fazendo jus a fama que os guardas reais ingleses possuem sobre concentração e coordenação.

No final da cerimônia, a tropa dispensada marcha em direção ao Hyde Park, ao som da banda dos guardas.

A Ju gravou um vídeo que mostra uma pequena mas divertida parte da cerimônia. Coloquei no Youtube e cho que vocês devem gostar. Perdoem, por favor, o barulho do vento no início, o sol contra-luz e, principalmente, os comentários maldosos do casal.

Dica minha: tire fotos com os policiais locais, é um recordação interessante. O uniforme deles é demais. Pedi com educação e fui prontamente atendido, ainda mais quando disse que era brasileiro.

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Sobre Libertadores

O gol sofrido pelo Inter, ontem, aos 50 minutos do segundo tempo acabou com o meu humor e a minha paciência. Vem cá, hein? Até quando vamos ter um time covarde? Porra, o Internacional é mil vezes maior que o Emelec, não pode temer esse time.

Bolatti estreou bem, marcou muito no meio-campo e fez um belo gol. Leandro Damião tem futuro. Mas precisamos de reforço na defesa. Troco o Lauro pelo Vitor (pode ser?) e o Índio tá muito lento.

Já o imortal tricolor estréia hoje. Chuto que faz 3 a 0. No primeiro tempo.

Aliás, os grupos da dupla GRENAL são os mais fáceis. Ambos tem obrigação de terminar em primeiro.

Sherlock Holmes Museum

Posted in London Callling with tags , , , , on 15/02/2011 by andreifonseca

Sou uma daquelas pessoas que tem orgulho da própria infância. Fui muitos personagens, interpretados em cada brincadeira com entusiasmo, fantasias e tudo mais. E dentre todos os personagens que guiaram minhas peripércias, o destaque maior sempre foi Sherlock Holmes.

Descobri o grande detetive em um curso de inglês que a minha mãe tinha, uma pasta com mais de 20 fitas K7, muitos livrinhos de estudo. Acompanhavam algumas revistinhas de quadrinhos para que o estudante treinasse seus conhecimentos. Uma delas tinha uma capa diferente, onde aparecia um cara alto, com uma roupa esquisita, segurando um revolver.

Obviamente tive imensa dificuldade para ler e entendi pouca coisa, mas as “figuras” me causaram fascínio. Foi aí que começou a minha admiração pelo famoso detetive londrino.

Muitos anos, obras lidas e filmes vistos depois, consegui finalmente visitar o tal famoso endereço dito em todos os livros: 221b Baker Street, a casa de Sherlock Holmes. Parada obrigatória para os fãs de livros policiais.

O local em si é bastante simples, fica em uma área onde já se percebe a importância do museu do detetive, pois a estação de metrô é repleta de imagens de perfil do personagem, isso sem falar na imensa estátua postada na saída do tube.

Em frente ao lugar, fica postado um ator trajado de oficial da Scotland Yard. Ao lado, está disponível uma lojinha com produtos, brindes, jogos, etc. Parte do dinheiro da minha viagem ficou lá, inclusive com uma versão inglesa e com casos diferentes do jogo de solução de casos que aqui no Brasil leva o nome da polícia inglesa.

Ao entrar no museu, o visitante é surpreendido por um simpático (apesar dos poucos dentes) e poliglota Dr Watson, que nos saudou em bom português e explicou sobre os aposentos. Lá, o turista observa, nos três andares de uma casa bem antiga e conservada, uma reconstrução de onde o detetive teria habitado.

Existe a caracterização de diversos casos solucionados por Holmes, inclusive a cabeça do “Cão dos Barkervilles” (meu livro preferido) exposta como troféu. Não tem nada de extraordinário, mas é um momento único de realização para que milhões de fãs de literatura e do detetive.

Para mim, a exposição de algumas cartas é sensacional. Elas têm conteúdo variado, mas me chamaram atenção a de um garoto contando o desaparecimento da família de um vizinho (junto com o presente de aniversário dele) e de um garoto japonês que pede humildemente, em um inglês bem prejudicado, um simples autógrafo. O curioso é que, segundo uma funcionária do museu, são recebidas centenas de cartas por dia de todo mundo, nos mais variados assuntos, mas na maioria, um pedido de ajuda sobre um caso estranho.

Recomendo, mesmo aos que não são interessados em fantasias literárias. É um simples, mas belo passeio.

Londres, enfim

Posted in London Callling with tags , , , on 12/02/2011 by andreifonseca

Para quem está na Europa pela primeira vez, chegar justamente em Londres é um belo impacto e recomendo como obrigação para quem viaja de estréia ao Velho Mundo. Fomos recebidos por um tempo nublado, frio e uma longa fila na imigração do Aeroporto. Eu fiquei mais de 90 minutos esperando e não demorou cinco minutos no guichê de atendimento.

Feito isso, pegamos o Tube do Heathrow até uma intersecção das linhas PIcadilly e Central, pois a segundo é a que nos deixava no hotel. Findo o trajeto, nos acomodamos e partimos para garantir as passagens de trem para Liverpool.

A primeira incursão noturna foi no nosso preferido TGI Friday’s, onde pudemos almoçar/jantar e tomar a primeira cerveja na terra da rainha. Talvez o mais adequado tenha sido ir a um pub tradicional, você pode pensar. Mas fizemos isso no outro dia, e no outro, e no outro, e no outro…

No sábado, começamos a série de visitas por Westminster. Sair da estação e dar de cara com o Big Ben é um puta impacto. O relógio é bem imponente e fica em uma área cercada de prédio oficiais do governo, bem próxima à ponte que leva ao London Eye.

 

Certamente Londres é uma cidade que tem atrações para, pelo menos, um mês contínuo de visitas (e provavelmente ainda faltaria coisa importante para ser vista). Mas, nessa região vimos a mais impressionante de todas as construções da cidade e que já entrei na minha vida: a Abadia de Westminster.

Embora modificada diversas vezes devido à destruição causada pelas guerras e na maioria das vezes por capricho dos monarcas, a Westminster Abbey é uma aula de história e um cenário impressionante e único, pois possui túmulos e câmaras especialmente construídos para os principais reis e rainhas ingleses, além de uma sessão só para músicos, poetas, escritores e inventores. Para que o amigo tenha idéia, estão sepultados lá Charles Darwin e Isaac Newton. Infelizmente, não se pode fotografar na maior parte dela.

Aqui, os monarcas são coroados e ocorreu o velório da Princesa Diana. Admito que fiquei bestificado. Muitas lembrancinhas na saída e depois rumamos para o outro lado da ponte. A fila do London Eye era imensa e desistimos.

A próxima atração foi Churchill’s War Rooms. Próximo ao parlamento, durante a Segunda Guerra Mundial, foi construído um túnel que levava para estes aposentos. Aqui, estratégias eram discutidas e o Primeiro Ministro tinha a possibilidade de dormir com segurança dos bombardeios. Os quartos e salas de reunião foram deixados exatamente como na década de 40, ao final da guerra. Para os amantes de história, um prato cheio.

Ao longo dos dias, possivelmente já no retorno para oi Brasil, vou contar o resto. Tem muito para ser dito e a internet é cara, por isso que aproveito o oferecimento gratuito do wi-fi da Virgin Trains para enviar este texto.