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Vinho, poesia ou virtude

Posted in Mural, Poemas with tags , , , on 20/05/2010 by andreifonseca

Um ano de namoro oficial merece uma grande comemoração, mesmo que alguns dias adiantada. A Ju teve uma idéia genial de alugar uma cabana na serra gaúcha para celebrarmos essa data. E foi maravilhoso.

Claro que passamos um excelente tempo juntos, mas vou deixar estas informações somente para o casal. Escrevo aqui para falar de roteiros. Quem ainda não foi ao Vale dos Vinhedos em Bento Gonçalves, está perdendo e muito! O lugar é absolutamente sensacional.

Ficamos na Pousada Borghetto Sant’Anna, logo na entrada (ou saída, dependendo do ponto de vista) do Vale. De lá, é possível se deslocar com facilidade pelas vinícolas e pelos resutarantes.

A Vinícola Miolo, em especial, é um show. Sem dúvida a maior de todo lugar, com produção estimada em 12 milhões de litros pó ano. Ao fazer o passei dentro da empresa, se percebe o profissionalismo e o cuidado com a qualidade que os caras têm.

Mas não só das famosos fizemos o nosso passei. Decidimos procurar os vinhos desconhecidos mas que tem sabores ímpares. Por acaso, encontramos a Vinícola Barcarola. Empresa familiar, nos acolheu de forma muito simpática e calorosa.

Provamos seus principais vinhos e um chamou mais atenção: o da uva Lagrein. Somente esta família cultiva esta casta no Brasil. Originária de uma região perto de Tirol, na Áustria, o Lagrein é muito saboroso, lembra bastante o Carmenère, tem um aroma frutado, leve e uma cor rubi bem densa. Além disso, o Cabernet Sauvignon deles é excelente. Uma gratíssima surpresa.

Além do passeio nas vinícolas, o lugar em si é extremamente inspirador. Não há como observar a paisagem sem ficar impressionado com a sua beleza, além de causar uma forte inspiração. Há uma sensação de paz inigualável. Romantismo então nem se fala. Fácil amolecer o mais empedrado dos corações.

No livro de registros da cabana, deixei o poema de Baudelaire, “Embriague-se”. Acho que diz tudo sobre os momentos que passamos, o lugar e o clima.

Justo dividir com vocês. Sugiro acompanhado de um bom vinho.

EMBRIAGUE-SE

É preciso estar sempre embriagado. Isso é tudo: é a única questão. Para não sentir o horrível fardo do Tempo que lhe quebra os ombros e o curva para o chão, é preciso embriagar-se sem perdão.

Mas de que? De vinho, de poesia ou de virtude, como quiser. Mas embriague-se.

E se às vezes, nos degraus de um palácio, na grama verde de um fosso, na solidão triste do seu quarto, você acorda, a embriaguez já diminuída ou desaparecida, pergunte ao vento, à onda, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo o que foge, a tudo o que geme, a tudo o que rola, a tudo o que canta, a tudo o que fala, pergunte que horas são e o vento, a onda, a estrela, o pássaro, o relógio lhe responderão: “É hora de embriagar-se! Para não ser o escravo mártir do Tempo, embriague-se; embriague-se sem parar! De vinho, de poesia ou de virtude, como quiser”.

Baudelaire

Quadrilha

Posted in Poemas with tags , , on 20/03/2009 by andreifonseca

Ontem, na minha casa, estava mexendo em caixas que continham coisas bem antigas e achei um caderno que eu escrevia músicas e poesias nos tempos do colégio. Levando em consideração que minhas maiores influências na época eram Guns’s Roses, Ramones, Nirvana, Legião Urbana e Nenhum de Nós, vocês podem imaginar a mistura que ficavam os versos. Li novamente frases que escrevi há mais de 10 anos e tive flash backs que há muito tempo não tinha.

 

Prometo que eu vou postar alguns, mas como estou sem o caderno aqui, vou colocar um que copiei em uma aula de literatura. É um dos meus preferidos do Carlos Drummond de Andrade. Quando li pela primeira vez o poema “Quadrilha” fiquei embasbacado com a simplicidade da poesia de Drummond e o efeito instantâneo que ela teve sobre mim. Na época de colégio, a nossa vida amorosa é uma bagunça. Um gosta de uma, que gosta de outro, que prefere uma terceira, e no futuro a gente se encontra e percebe que a confusão ficou maior ainda.

 

Em homenagem a esse achado de ontem:

 

 

Quadrilha – Carlos Drummond de Andrade

 

João amava Teresa que amava Raimundo

que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili

que não amava ninguém.

João foi para o Estados Unidos, Teresa para o convento,

Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,

Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes

que não tinha entrado na história.