World Trade Center

Posted in Mural on 12/09/2011 by andreifonseca

Dentre as milhares de coisas que eu queria fazer na primeira vez que fui a New York – em 2007, a principal era conhecer o Ground Zero, o espaço onde ficava o complexo do World Trade Center. Como já comentado no post anterior, foi um dos acontecimentos mais impactantes da minha vida.

Não é difícil encontrar, mesmo para um marinheiro de primeira viagem. Lembro que diversas linhas de metrô passavam ali perto, mas a linha azul C, com estação próxima ao albergue onde eu estava, tinha como fim da o próprio World Trade Center. Inclusive, no mapa tinha os dizeres “under construction”.

Ao sair do metrô, o visitante visualiza um enorme e impactante espaço vazio em meio a gigantes de concreto. Do outro lado, há uma igreja centenária, com um pequeno cemitério na frente. A primeira impressão é de que toda aquela área é absurdamente sombria, uma cova a céu aberto onde não há mais corpos ou destroços, mas o peso espiritual da tragédia marcando uma cicatriz invisível e dolorosa.

WTC Path Station - fevereiro 2007

Saint Paul Chapel - fevereiro 2007

A referida Igreja é a Saint Paul Chapel, que serviu de base para bombeiros e policiais nos trabalhos de resgate. Acabou virando um templo de resistência, pois não sofreu dano nenhum, diferente de outros prédios ao redor, que tiveram avarias. As mensagens deixadas por familiares emocionam inevitavelmente.

Distintivos de bombeiros de várias cidades que ajudaram nos resgates

Mensagens de familiares das vítimas

Caminhando ao redor do World Trade Center, era possível perceber os tapumes que proibiam uma visão melhor do visitante. Isso em 2007, depois houve uma mudança. Naquela época não havia memorial ainda, mas apenas fotos expostas em frente do que foi a entrada do WTC. Um exercício interessante é observar os prédios em volta, com andares que variam de 40 a 70. Basta pegar um deles e dobrar o tamanho, movendo o pescoço para trás, tentando visualizar os 110 andares das torres. A imponência do antigo WTC, então imaginária para quem a tragédia na televisão, se torna ainda mais impactante.

Na minha segunda visita, em 2008, já era possível ver um local de homenagens mais organizado. Na rua lateral – Fulton Street, se não me engano – havia um memorial dividido em três momentos: a construção do WTC, os atentados e os projetos de um novo centro financeiro.

WTC Memorial - fevereiro 2008

WTC Memorial - fevereiro 2008

Janela de um dos aviões que atingiram as Torres

Casaco de um bombeiro resgatado sem vida dos escombros - doado pela família

Achei fantástica a idéia das piscinas. Nada mais vivo que água corrente, passando constantemente e quebrando um silêncio compulsório de quem visita aquele lugar. Da mesma forma, o espaço deixado pela queda das torres nunca será preenchido, logo tudo foi construído em volta.

Em 2010 já era possível observar um esboço das obras, tapando o buraco visível das viagens anteriores. O silêncio das pessoas que ali transitavam já não era tão perceptível. A grande cova dava lugar a uma sensação de reconstrução, recomeço. Uma idéia de que a ferida estava cicatrizando.

WTC site - janeiro 2010

Não sei como está hoje, mas o melhor lugar para tirar foto é do segundo andar de um Burger King que fica bem na esquina. É possível ver 50% do buraco e os tapumes não obstruem a vista.

A última visita foi em janeiro de 2010 e observei na televisão que as obras estão bastante adiantadas. Impressionante a vontade de avançar no tempo, sem ignorar a dor eterna de tamanha tragédia.

11 de setembro

Posted in O mundo cruel with tags , , , , on 11/09/2011 by andreifonseca

Durante meus quase 29 anos de vida, três fatos me marcaram profundamente. O primeiro deles, o Impeachment do ex-presidente Collor. Ali comecei a me interessar por política e por jornalismo, as aulas de Moral e Cívica fizeram certo sentido e foi emocionante ver os caras-pintadas protestando nas ruas. O segundo foi o Tetra do Brasil em 94, primeiro grande título que eu comemorei e tive orgulho de ser do país do futebol. E o terceiro foi uma grande tragédia: o dia 11 de setembro de 2001.

Eu estava no bar da FAMECOS, no intervalo da aula, colocando açúcar em um café observando o intervalo da televisão sem volume. Entrou o temido Plantão da Globo, mostrando de cara imagens do World Trade Center em chamas. Enquanto a repórter falava e eu tentava adivinhar o que se passara, o segundo avião atingira a Torre Sul. Percebi naquele momento que o mundo estava mudando e alguma coisa muito séria acontecia e outras estariam para acontecer. Meu celular tocou e fui chamado para o trabalho na rádio imediatamente.

A medida que eu ia entendo o que realmente estava se passando, tomava consciência que estava vivendo o principal período da história mundial depois da queda do muro de Berlim. A maior potência do mundo foi dura e covardemente atacada por um grupo terrorista que usou corpos de inocentes como bombas altamente letais, requintando de crueldade uma ofensiva macabra e que trouxe novos significados para as palavras horror e terror.

Assumo que temi por uma terceira guerra mundial, onde a devastação planetária seria inevitável diante dos personagens envolvidos e o poder bélico disponível. Por sorte, não ocorreu, mas inocentes continuaram sofrendo e morrendo em decorrência de atos atrozes de ambos os lados.

Hoje, o dia conhecido como “11 de setembro” completa dez anos, com o principal criminoso já morto, muitas feridas ainda abertas, famílias em luto constante e uma reconstrução lenta e dolorosa de um símbolo de concreto. Sobre o World Trade Center falarei em especial num outro post. Agora, me atenho às homenagens que vi pela manhã.

Fonte: Site Terra

Impossível não ficar emotivo com relatos dos parentes das vítimas. Tento imaginar o desespero de quem estava nos aviões ou então de quem ficou em alguns dos andares acima de onde eles bateram. Sem esquecer das vítimas do Pentagon e dos passageiros que derrubaram o vôo United 93.

Ver os pais e filhos que ficaram tocando delicadamente o monumento de bronze com o nome das vítimas que cerca as duas piscinas colocadas nos lugares dos prédios é de cortar o coração. O silêncio ensurdecedor dos minutos de homenagem, o rosto de quem acompanha a cerimônia remetem a uma dor eterna.

Fonte: Site Terra

Em um programa sobre o 11 de setembro, vi o filho de uma vítima dizendo: “toda vez que a televisão mostra o momento do choque do avião nas Torres, eu vejo meu pai morrendo”. Não consigo sequer imaginar 1% do sofrimento que esta pessoa passa.

Aqueles que viveram o dia e hoje relembram como viram o que sentiram certamente guardam histórias de medo e angústia, mesmo estando a milhares de quilômetros de distância. Dificilmente – e tomara que não aconteça – viveremos um momento tão duro e cruel em breve.

Amy is gone, one more round

Posted in O mundo cruel with tags , , on 26/07/2011 by andreifonseca

O rock andava muito chato. Começou nos anos 50, explodiu nos 60, mudou nos 70, se reinventou nos 80, pesou nos 90 e chegou ao Século XXI muito chato. Com poucas exceções, nada depois de 2000 me empolgava musicalmente. E o pior: vieram movimentos de gosto e atitude duvidosos.

Mas fomos agraciados com uma Messias: Amy Winehouse. Combinando um original jazz style com uma postura totalmente rocker, a inglesa colocou um desfibrilador no rock and roll e reanimou a qualidade fonográfica. Estaria o rock ressurgindo? Oh Yes, baby.

Do primeiro disco, poucos falam. Até porque o segundo é absolutamente fantástico. Cheio de hits, qualidade ímpar, genial, enfim, um dos melhores da década.

Porém, nossa Messias tinha também o lado Lúcifer – dominante, na maioria do tempo. Muitas foram as manchetes que anunciavam os vícios da cantora e denunciavam comportamentos e diagnósticos preocupantes. Amy Winehouse tinha uma forte tendência autodestrutiva proporcional ao seu talento.

Tanta força para chegar ao lado de lá infelizmente teve a confirmação no último sábado, dia 23 de julho. Aos 27 anos de idade (mesma de Jim Morrison, Janis Joplin, Jimmy Hendrix e outros), Amy Winehouse foi encontrada sem vida em sua própria casa em Londres. O rock perdera sua salvadora.

Esse fato era tão previsível que havia um site que fazia uma banca de apostas. Desde que foi lançado, recebeu mais de 96 mil previsões. Quatro pessoas acertaram, e a primeira que enviou a resposta vai ganhar um Ipod Touch. Mórbido? Muito. Surpreendente? Nem um pouco.

Eu nunca fui um grande fã da Amy, mas a admirava e respeitava demais o seu talento. Torço pela perpetuação da sua obra e que o seu exemplo musical seja seguido e venerado. Também torço para que os fãs e os jovens talentos não tenham seu comportamento extra-palco como exemplo. Não é esse o caminho, pessoal.

Encerro com a minha música preferida. Na verdade, ela foi gravada originalmente por uma banda chamada The Shirelles e Amy Winehouse fez uma belíssima versão. You Will Still Love Me Tomorrow é uma bela canção. Quando eu comecei a sair com a Ju ouvia-a direto depois de deixar a Ju em casa. E pensava: será que ela vai continuar a me amar amanhã? Para minha sorte, a resposta foi sim.

Amy será sepultada nesta terça-feira.

Enjoy the song, my friends.

RIP Amy.

Will You Still Love Me Tomorrow – Amy Winehouse

Tonight you’re mine completely

You give your love so sweetly

Tonight the light of love is in your eyes

Will you still love me tomorrow?

Is this a lasting treasure

or just a moment pleasure?

Can I believe the magic of your sight?

Will you still love me tomorrow?

Tonight with words unspoken

You said that I’m the only one

But will my heart be broken

When the night meets the morning sun?

I like to know that your love

This know that I can be sure of

So tell me now cause I won’t ask again

Will you still love me tomorrow?

Will you still love me tomorrow?

Will you still love me tomorrow?…

Falcão voou

Posted in O mundo cruel on 19/07/2011 by andreifonseca

Durou apenas três meses e dois dias a fantasia de ter, como comandante do time, o principal ídolo da história do Internacional. Falcão foi demitido após a humilhante derrota para o São Paulo. Não se pode tomar três gols em casa desse jeito. Mas, sem dúvida, não era motivo para demiti-lo.

Falcão tinha tudo para evoluir como técnico, coisa que ele ainda não era. Mas seria, se tivesse tempo. A idéia de tê-lo no comando era interessante. O bola-bola conhece tática, gosta do futebol “toque de bola”, técnico e bem jogado. O estilo Barcelona, sem usar de uma hipérbole.

Sobretudo essa saída prematura escancara um clima de beligerância insustentável no nosso amado Internacional. Diretores odeiam-se entre si, respinga na comissão técnica e reflete no time. Fazer futebol já é difícil, desunido então, fica muito complicado.

Junto com Falcão, saiu o diretor Roberto Siegmann, uma figura muito interessante. Gosto do estilo enérgico dele e tive oportunidade de falar diretamente para ele isso. Mesmo discordando de alguns posicionamentos públicos, acredito que ele tinha tudo para ser um grande dirigente. Assim como o bola-bola, fica para a próxima.

A culpa pela instabilidade tem a mão do treinador, mas o resto do corpo está no grupo de jogadores. Temos uma defesa lenta, um meio-campo deficiente e um ataque que não é municiado. E aqui cabe um parágrafo-parêntese.

A estratégia vitoriosa que nos deu um Mundial, duas Libertadores e vários outros títulos em uma década não pode avalizar uma sequência de fracassos. Para garantir bons jogadores e uma constância no elenco, o Inter fez contratos longos. Deu certo. Mas agora, precisamos de renovação em diversas posições. A começar pela defesa. Se somar a idade da linha de quatro defensores, ultrapassa-se 120 anos. Não pode.

Para terminar… e agora? Quem entra no lugar do Falcão? Falam em Cuca (por favor, não), Dunga (nãããão) ou Carpegiani (hummmm… ok). Dorival Júnior está cotado. Vai ser um grande técnico ainda. Meu preferido seria o Muricy, mas isso é sonho. Acho que esperando algumas semanas, teremos chance de contar com o Abel, que não vai bem no Fluminense. Abelão iria trazer energia e incendiar esse time.

Oremos.

….

E o Brasil, hein?

Tsc tsc. Lamentável. Quatro pênaltis para fora é demais. Mano Menezes tem que sair urgente.

E vem pro Inter.

A volta OFICIAL do Kit Kat

Posted in Deu no DJ, Mural with tags , , on 18/07/2011 by andreifonseca

Após um teaser publicado aqui, a notícia chegou de forma oficial. O amigo Rogério Borges me comunicara por e-mail há alguns dias: “Chocolate da Nestlé mais vendido no mundo, o Kit Kat, voltará a ser comercializado no Brasil a partir do dia 1º de julho, quando o produto chega às prateleiras do País. Inicialmente, o lançamento estará disponível nos pontos de venda da região Sul e nas lojas da rede Walmart e Sam’s Club em todo o País. A embalagem de 45g será vendida a R$ 2,50”.

Wou! Wou! Wou! Para felicidade minha, da Ju, da Fabi, do Vinícius, do Wagner (que aliás, conseguiu informações diretamente da fábrica), Marcus e da Monique, o Kit Kat OFICIALMENTE voltou.

A empresa anunciou que o produto será importado da Europa. A volta marca os 90 anos da Nestlé no Brasil. O kit Kat está no mercado há 75 anos.

Agora, não dependemos de viagens internacionais para se esbaldar nos free shops, ou de alguma alma gentil que topasse trazer algumas caixas, ou então filar um finger de alguém ousasse abrir um pacote na nossa frente.

Pode ser encontrado facilmente em qualquer rede de supermercado, como mostra a foto abaixo tirada no Nacional do Iguatemi.

Alguém pode pensar… “Hum, e agora o Kit Kat perderá a graça?”. Atrevo-me a responder: NOT! Teremos acesso fácil ao abençoado produto e a “emoção” que tínhamos de comprá-lo d’além mar se converterá em adquiri-lo de formas diferentes, como em embalagens decoradas com figuras reais (comprei assim em Londres) ou então de sabores diferentes e formatos inusitados (havia um gigante no aeroporto de Toronto).

Aproveitem, amigos. Relax. Have a Break. Have a Kit Kat.

Kit Kat bench, Hyde Park, Londres

Out of Order

Posted in Mural with tags , , on 15/07/2011 by andreifonseca

Amigos. Post rápido para comunicá-los que ficarei um breve período sem telefone celular até que a Vivo ou a BlackBerry, ou as duas, ou nenhuma resolva o meu problema. Até lá, comunicação exclusiva por e-mail ou o telefone do loft.

Mensagens de pesar pelo Twitter ou no Facebook são bem-vindas.

Quando tudo terminar, conto a história toda.

Bom final de semana.

Let It Be

Posted in Coisas de Andrei, Músicas with tags , , on 30/06/2011 by andreifonseca

Quando eu comecei a tocar violão, há mais de 10 anos, umas das primeiras músicas que aprendi foi Yellow Submarine, dos Beatles. Bem simples, animada e não tinha pestana. Um prato cheio para quem está aprendendo. Aliás, qualquer pessoa na condição de aprendiz interessado admira quem sabe um pouco mais sobre a matéria em questão, mesmo que a diferença seja mínima.

Um grande amigo me disse uma vez: “qualquer coisa que eu faço ou digo, meu filho adora”. E eu respondi: “cara, veja a responsabilidade que você tem”. E é verdade. Servir de exemplo para uma criança é ter consciência de passar adiante um modelo sadio e benéfico, além de um grande orgulho.

Ao encontro disso, ocorreu o convite do professor Vinícius Schwertner, a quem refiro (com toda justiça) como um exemplo significativo do período que estudei no Colégio Farroupilha. Disse ele, no e-mail: “vai ter um Festival de Talentos para as crianças da 1ª a 4ª série, e a temática é Beatles. Te interessa?”.

Bom, a primeira parte da oração já me agradou de cara, e ainda tendo uma homenagem aos reis do rock… é fome com vontade de comer. Topei na hora.

Retornar ao colégio sempre é bom, tenho a chance de rever pessoas que foram importantes na minha formação pessoal e continuam importantes na minha vida. Sem falar que sempre aprendo voltando ao colégio na condição de convidado. O contato com a educação como um todo é benéfico em todas as instâncias. Isso já ocorreu outras vezes, como o leitor pode ver aqui e aqui.

Sem enrolar muito, o resultado pode ser visto no vídeo feito pelo Vinícius.

Nossa execução de All My Loving ficou bem legal, pena que não posso dizer o mesmo da minha tentativa de tocar Yellow Submarine em português, em uma tradução tosca feita minutos antes da participação.

A energia das crianças é impressionante. Contagiante. Emocionante. Foi ótimo rever as pessoas e vivenciar momentos que ficarão guardados com muito carinho. É gratificante ver a disposição dos pequenos e pequenas para se apresentarem perante os colegas. E louvável a atitude do colégio de incentivar.

Ressalta-se, aqui, o esforço hercúleo do Vinícius, do Paulo, da Carla e da Giane. Sem eles, a gurizada não viajaria em um submarino amarelo vendo a Lucy no céu com diamantes.

Por fim, espero que o seleto público não tenha pensado mal deste tio de barba aqui, e esforçado e prestativo, que tentou levar um pouco de alegria para este festival. Aliás, obrigado a eles por me levarem junto na viagem. Deixei de lado, momentaneamente, as contas a pagar, os problemas, as preocupações.

Obrigado, Vinícius, mais uma vez.

Eremetismo acadêmico

Posted in Coisas de Andrei, Mural with tags , , on 29/06/2011 by andreifonseca

Apesar de o termo ser forte, ele se refere diretamente a esse que vos escreve. O motivo, porém, foge da misantropia e da religiosidade, embora tenha tons de penitência – nesse caso, necessária.

Dedicar-se ao conhecimento requer sim exclusividade para o tema, principalmente se a pretensão for ambiciosa (e é o caso). Para trás ficou a saturação e a roleta russa de um círculo cujos critérios são altamente duvidosos, maniqueístas e injustos.

Enfim, o eremitismo. Sim, porque é preciso uma dedicação forte para um desafio. Praticamente exclusiva. Sendo assim, o círculo se faz outro, mais restrito, mais vicioso e obviamente mais vazio. Renunciar é preciso.

O foco muda bastante. Não existe espaço para buscar informação em outros campos que antes eram rotineiros. Isso faz falta. Porém, seguramente a maior ausência é a interação. Nesta situação atual, o monólogo ou uma leitura em voz alta são as formas mais freqüentes de quebrar o silêncio.

E a bagunça? Ah, a bagunça. São muitas informações e inúmeras fontes de pesquisa. Como organizar? Noções de arquivologia e Administração Básica, perhaps.

As vezes o trânsito distrai, com uma buzinada mais forte ou uma freada brusca. Há também os intervalos de estudo ou as confissões de concurseiros entre colegas de caverna. “Quem tem a barba maior?”, alguém pergunta. “A banca já foi definida”, afirma outro. Eremitas acadêmicos, enfim.

Fui cobrado diversas vezes pela ausência. Aviso: se justifica. Este texto tem, entre outros  motivos, esta prestação de contas. É isso.

Inclusive, é característica desse período a antisocialidade, afinal os neurônios se ocupam com artigos, parágrafos, conceitos, doutrinas e fóruns, tomando de assaltando e restringindo a entrada de novidades, lembretes de aniversário e histórias do cotidiano que se transformam em divertidos assuntos de mesas de bar.

Fazer dos Direitos Administrativo ou Constitucional juntos com Microeconomia e Código Processual Penal um papo interessante é como dizer que colonoscopia é divertido. Conta outra, bixo.

É verdade que a Ju entende e incentiva isso. Mas sofre. E continua do meu lado.

….

E agora, heinhô Battisti?

Um canetaço do nobre (ex) Presidente Lula em seu último ato constrangeu o Supremo Tribunal Federal, guardião da Carta Magna. Numa votação cheia de embasamentos constitucionais para os dois lados, a maioria dos ministros voltou atrás da primeira decisão e decidiu pela liberação do italiano Cesare Battisti.

A pobre Itália perdeu a orientação da polenta e se voltou contra a decisão brasileira. E com razão. O Brasil alega o princípio constitucional da não-intervenção, mas o chefe de estado anterior “colocou o dedo” na competência exclusiva da Suprema Corte.

O câncer que ataca o sistema imunológico da penalidade no Brasil chegou a Europa. Battisti diz: “grazie, compagno”.

When the Reds Go Marchin in

Posted in London Callling with tags , , , , , , , , on 30/03/2011 by andreifonseca

Eu sou um cara de muitos clubes de futebol, tenho praticamente um em cada cidade, país ou região. Mas cabe ressaltar o seguinte: eles não tiram em momento nenhum a preferência pelo Internacional. Esse sim é meu clube. Mas, ao contrário da minha vida amorosa, consigo dividir meu coração no futebol em várias partes. E dentre os gomos da laranja, na Inglaterra, existe o destinado ao Liverpool FC.

Claro que com a nossa viagem para a terra dos Beatles agendada, era fundamental visitar o Anfield, e assistir aos Reds. Para isso, era necessário planejamento, dinheiro e, acima de tudo, sorte.

Sim, porque conseguir ingresso para a Premier League é muito complicado (como diria um ex-chefe meu). Para quem não mora no Reino Unido e não é sócio do clube em questão, tem que esperar em uma longa fila até chegar a sua vez de tentar conseguir alguma coisa, se sobrar. E no meu caso, deu certo.

Com a garantia de assistir ao jogo, ficou mais fácil, pudemos aproveitar a cidade e viajar tranqüilos. Visitamos todos pontos turísticos relativos ao Beatles (quase 90% de Liverpool), mas isso é um assunto para outro post. Agora é a vez dos Reds.

 

Anfield ao fundo

O Liverpool FC, que joga de vermelho, é um dos clubes mais tradicionais do mundo. Fundado em 1892, rivaliza com o Everton FC, que joga de azul, o outro time da cidade. Ganhou diversos títulos, dentre eles a Liga dos Campeões da Europa (cinco vezes) e o campeonato inglês (dezoito vezes).

Para mim, o ponto mais marcante é a torcida, principalmente um grupo de fãs (relativo às organizadas) que ocupam o canto do estádio conhecido como “Kop”. O Liverpool tem uma música tradicional que emociona demais: You Will Never Walk Alone. É o hino do clube praticamente. Quando o time entra em campo ou está em vias de ganhar um jogo, a torcida entoa essa canção. Postei um vídeo aqui para o amigo ter um tempero de como é.

Bem, já foi possível sentir o tamanho do amor ao Liverpool logo na chegada à cidade. Tem produtos do clube por tudo, até na loja dos Beatles. No domingo, dia do jogo, fomos tomar café no hotel e o restaurante estava cheio de torcedores do Liverpool que vieram de outras cidades. Fardados, falavam alto e se preparavam para o jogo com o tradicional british breakfast. Depois, fardamos e rumamos para o Anfield.

The Kop

Aliás, o estádio, que já foi do Everton, é um verdadeiro templo. Imponente, bonito, fica em uma parte totalmente residencial da cidade, é um gigante cercado de pequenas casas antigas. Está bem defasado, tem mais de cem anos (tanto que o time vai ganhar um novo). Mas tem toda uma mística em relação ao Anfield. Os jogadores e torcedores consideram inadmissível um insucesso ali. Tem um cartaz no caminho do campo que diz “This is Anfield”, como quem diz “aqui é nossa casa e quem manda somos nós”.

Chegamos rapidamente de taxi, deve ter custado £8, e demorado uns 10 ou 12 minutos. De cara fomos ao bar em frente ao estádio, o local onde os antigos hooligans se reuniam. O pub estava completamente lotado, quase impossível se mexer, quanto mais chegar ao balcão. Ficamos dez minutos, o tempo de conseguir uma cerveja e ir para a parte dos fundos, onde os fãs fumam cigarro a vontade e fazem xixi em latões de lixo (sem que a polícia veja, é claro).

Curiosos, entramos faltando um certo tempo para o jogo. É possível tomar cerveja até a boca do túnel para as arquibancadas. Depois dali, necas. Nosso lugar, como podem ver nas fotos, tinha um poste na frente, já que era a parte mais antiga do estádio. Mesmo assim, estava ok.

O Liverpool, jogando bastante desfalcado, enfrentava o Wigan, um time sem muita fama. Logo quando os times entraram em campo, tocou You’ll Never Walk Alone para delírio da torcida. Admito que foi uma emoção fortíssima, cantei junto e pude perceber a paixão dos locais pelo seu time. Um orgulho centenário, que felizmente presenciei e partilhei do mesmo sentimento.

Com a bola rolando, a coisa não foi muito boa. O Liverpool, ainda de ressaca de ter vencido o Chelsea fora de casa, empatou em 1 a 1 com Wigan, mas tive uma experiência fantástica. Os Reds podem contar com o apoio deste fã de longe, pois o Liverpool will never walk alone.

Ogilvy para todos

Posted in Comunicação, London Callling with tags , , , , on 18/03/2011 by andreifonseca

Bater perna em Londres sem rumo traz surpresas agradáveis. Um dos dias em que a nossa programação de viagem estava destinada às compras, saímos caminhando pela Oxford Street.

Ao entrar em um shopping pequeno, reconheci a logo da Ogilvy (um dos maiores grupos de publicidade do mundo). Era uma sala grande e transparente, com muitas pessoas sentadas em pequenos grupos. Entrei.

Fui logo abordado por um cara simpático. Trocamos uma idéia e ele me explicou do que se tratava. Era o Idea Shop da Ogilvy.

Uma vez por ano durante três dias, um grupo da agência fica à disposição de qualquer pessoa que queira abrir um negócio ou já tenha e necessite de dicas de marketing e publicidade, principalmente voltada para web. Sensacional.

Além de conversar no dia e auxiliar em projetos, a troca de idéias continua por um tempo. E os frutos foram amplamente colhidos pelo movimento, que já está no terceiro ano.

O lugar estava cheio e com pessoas de várias idades, como podem ver na fotos.

No último dia do evento, aconteceu o Idea-a-thon, onde as pessoas, através do Twitter, enviavam briefings para o pessoal da Ogilvy com a #ideashop e ocorriam discussões online sobre os temas. A parada encerrou uma palestra do planner da agência, Hamish Priest. O vídeo pode ser acessado aqui.

….

Ainda nesse dia, por alguma razão, paramos em uma loja pequena, dessas de souvenir.

Olha aqui, verifica o preço dali, não demorou para um atendente me abordar. Conversamos bastante e ele queria saber de onde eu era. Ao dizer “Brazil”, o cara quase deu um salto. Ele simplesmente AMA o povo brasileiro.

Era um menino, calculo que na faixa dos 25 anos. Falou um monte sobre o Brasil, principalmente futebol. Torcedor da Juventus, o cara disse que um brasileiro jogava no time dele (Felipe Mello, para os desavisados). Seguimos na conversa e eu disse que torcia para o Internacional, um clube que aceitava pessoas de todos lugares, raças, nações, etc.

Foi aí que ele me disse que torceria pelo Inter, contanto que não tivessem judeus, pois ele era palestino. Eu sorri e disse que não havia problema, poderiam ter os dois. Mas para ele havia. E muito.

Com lágrima nos olhos, ele contou que a guerra entre judeus e palestinos havia vitimado quase toda família dele, e os sobreviventes foram obrigados a deixar o país. O cara não visita os amigos e parentes há mais de 10 anos e vive sozinho em Londres.

Jamais entraria no mérito de certo ou errado, inclusive me orgulho de ter amigos nos dois lados. Mas admito que o relato desse cara mexeu comigo. A tristeza que ele transpareceu mostrou uma pessoa com esperança de paz, acima do ódio.