Dentre as milhares de coisas que eu queria fazer na primeira vez que fui a New York – em 2007, a principal era conhecer o Ground Zero, o espaço onde ficava o complexo do World Trade Center. Como já comentado no post anterior, foi um dos acontecimentos mais impactantes da minha vida.
Não é difícil encontrar, mesmo para um marinheiro de primeira viagem. Lembro que diversas linhas de metrô passavam ali perto, mas a linha azul C, com estação próxima ao albergue onde eu estava, tinha como fim da o próprio World Trade Center. Inclusive, no mapa tinha os dizeres “under construction”.
Ao sair do metrô, o visitante visualiza um enorme e impactante espaço vazio em meio a gigantes de concreto. Do outro lado, há uma igreja centenária, com um pequeno cemitério na frente. A primeira impressão é de que toda aquela área é absurdamente sombria, uma cova a céu aberto onde não há mais corpos ou destroços, mas o peso espiritual da tragédia marcando uma cicatriz invisível e dolorosa.
A referida Igreja é a Saint Paul Chapel, que serviu de base para bombeiros e policiais nos trabalhos de resgate. Acabou virando um templo de resistência, pois não sofreu dano nenhum, diferente de outros prédios ao redor, que tiveram avarias. As mensagens deixadas por familiares emocionam inevitavelmente.
Caminhando ao redor do World Trade Center, era possível perceber os tapumes que proibiam uma visão melhor do visitante. Isso em 2007, depois houve uma mudança. Naquela época não havia memorial ainda, mas apenas fotos expostas em frente do que foi a entrada do WTC. Um exercício interessante é observar os prédios em volta, com andares que variam de 40 a 70. Basta pegar um deles e dobrar o tamanho, movendo o pescoço para trás, tentando visualizar os 110 andares das torres. A imponência do antigo WTC, então imaginária para quem a tragédia na televisão, se torna ainda mais impactante.
Na minha segunda visita, em 2008, já era possível ver um local de homenagens mais organizado. Na rua lateral – Fulton Street, se não me engano – havia um memorial dividido em três momentos: a construção do WTC, os atentados e os projetos de um novo centro financeiro.
Achei fantástica a idéia das piscinas. Nada mais vivo que água corrente, passando constantemente e quebrando um silêncio compulsório de quem visita aquele lugar. Da mesma forma, o espaço deixado pela queda das torres nunca será preenchido, logo tudo foi construído em volta.
Em 2010 já era possível observar um esboço das obras, tapando o buraco visível das viagens anteriores. O silêncio das pessoas que ali transitavam já não era tão perceptível. A grande cova dava lugar a uma sensação de reconstrução, recomeço. Uma idéia de que a ferida estava cicatrizando.
Não sei como está hoje, mas o melhor lugar para tirar foto é do segundo andar de um Burger King que fica bem na esquina. É possível ver 50% do buraco e os tapumes não obstruem a vista.
A última visita foi em janeiro de 2010 e observei na televisão que as obras estão bastante adiantadas. Impressionante a vontade de avançar no tempo, sem ignorar a dor eterna de tamanha tragédia.